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A Mulher é o Futuro do Homem

A Mulher é o Futuro do Homem






*por Sabina Vanderelei



“Não há homem algum tão exclusivamente masculino que não possua em si algo de feminino.“

Carl Gustav Jung



Imagine a cena: é sábado à noite e um casal de namorados se encontra. Ela propõe um cinema e ele diz não. Ela insiste e ele mantém o não. Ela pergunta o porquê e ele continua no simples não. Então ela dispara uma metralhadora de porquês e ele perde a paciência. Está declarada uma guerra. Ela recebe uma descarga de fantasias a respeito da recusa dele em ir ao cinema enquanto que para ele esse não é pura e simplesmente um não!

O enredo até pode mudar, mas esta cena é muito freqüente entre os casais modernos. Já foi constatado que homens e mulheres não falam a mesma língua. Segundo Luiz Cushnir, um estudioso de assuntos de gêneros do Instituto de Pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo, homens têm dificuldades de expressar suas emoções. Isto deve-se ao fato de que eles têm um raciocínio lógico e matemático, enquanto que as mulheres têm o raciocínio mais voltado para argumentações e questões mais subjetivas. Não podemos classificar uma forma de pensar como melhor que a outra, elas são apenas diferentes.



Em suas pesquisas nesse Instituto de São Paulo, Cushnir constatou que os homens se drogam mais e estão mais envolvidos em acidentes e mortes violentas do que as mulheres. Além disso, a taxa de suicídio também é maior entre eles. A dificuldade masculina em lidar com as próprias emoções faz com que eles se transformem em vítimas da ansiedade, depressão, doenças do humor, síndrome do pânico, fobias, pensamentos obsessivos, atitudes compulsivas e disfunções sexuais.



Tais doenças eram consideradas mais incidentes em mulheres porque o homem tem muita resistência em procurar ajuda profissional. Entretanto, como a mulher vem ganhando cada vez mais voz na sociedade, ela passou a exigir seus direitos não só como cidadã, mas também como parceira deste homem. Antigamente ela calava-se diante de uma impotência, por exemplo, mas hoje em dia ela cobra dele um tratamento sob o risco da extinção da relação. O homem passou, então, a procurar ajuda profissional e ainda assim com bastante receio e vergonha.



Vivemos numa sociedade onde a concentração de poder está no sexo masculino e este poder tem sido tão abusado que tudo o que é feminino foi diminuído e colocado em segundo plano. O patriarcado fez do sexo feminino a “segunda opção” e isso não inclui somente o ser mulher, mas principalmente todas as características subjetivas aí implicadas.



Segundo Chevalier & Gheerbrant (1997), fazem parte da dinâmica feminina os sentimentos, os afetos, as intuições, a sensibilidade ao irracional e as relações com o inconsciente. Essa dimensão feminina está presente na mulher de forma consciente e também no homem, só que de forma inconsciente. “A mulher está mais ligada do que o homem à alma do mundo, às primeiras forças elementares, e é através da mulher que o homem comunga com essas forças (…). Não será a mulher emancipada nem aquela que se torna semelhante ao homem que terá um importante papel a desempenhar no período futuro da história, mas sim o eterno feminino. A mulher é o futuro do homem.” (Chevalier & Gheerbrant, 1997, p. 421)



A concepção junguiana da Psique está baseada nos princípios herméticos, alquímicos e orientais, onde a totalidade psíquica é composta por pares de opostos. Assim, quando um homem olha para dentro de si, ele vê o seu oposto complementar, ou seja, a sua alma com a natureza feminina, que Jung denominou anima. Isso não quer dizer que a essência dele seja feminina, mas que um homem só será um ser total e completo a partir do momento em que ele conseguir integrar esse arquétipo da anima à sua Psique. Os homens teimam em reprimir em si mesmos seus traços femininos porque a cultura assim determina. “Porque o que é feminino é estranho para um homem, tende a se localizar no inconsciente e, daí, exercer uma influência, que se torna maior pelo fato de estar escondida“.(SAMUELS, et al,1988, p. 86).



Entretanto, tudo aquilo que é vivo amadurece. Segundo Jung, carregamos dentro de nós a pessoa que devemos ser, mas para ativar isso é necessário um longo processo, chamado individuação. Jung não considera este um processo passivo, que simplesmente acontece. Ele precisa ser vivenciado de forma consciente. Ninguém individua-se espontaneamente, é um trabalho árduo, que leva uma vida inteira. A individuação consiste na integração de todas as instâncias da Psique, onde o self funciona como o centro integrador e totalizador, pois ele carrega em si todas as nossas possibilidades do vir a ser. Um exemplo disso seria, no caso do homem, a integração do seu ego masculino com a sua anima, estabelecendo-se, assim, a Coniunctio, denominação dada ao simbolismo alquímico de um casamernto interior de opostos.



A anima funciona como uma mediadora entre o ego e o self. Assim, para o homem trilhar seu processo de individuação, para tornar-se o que ele é em essência, é necessário que ele assimile, entre outras coisas, a sua dimensão feminina interna. Essa característica mediadora do feminino é muito observada nas antigas culturas, onde as sacerdotisas faziam o papel de oráculo, trazendo mensagens dos deuses para o mundo dos homens. Bruxas, feiticeiras e fadas são exemplos de personificações da anima, trazendo consigo sempre um conteúdo mágico e divino. O self seria a nossa dimensão divina inconsciente e é de lá que a anima traz as preciosas informações para auxiliar o homem na sua caminhada.



Como a anima sai do mundo do inconsciente para se fazer presente ao ego? O primeiro contato do homem com este arquétipo é no seu relacionamento com a sua mãe nos primeiros meses de vida. Mais tarde, ele procura sua anima nas mulheres com quem se relaciona. Segundo M. L. Von Franz, “é a presença da anima que faz o homem apaixonar-se subitamente ao avistar pela primeira vez uma mulher, sentindo de imediato que é ela.” (Von Franz, s/d, p.180).



Isto ocorre porque, segundo Jung, a anima é ligação, é emoção, é Eros. Ela faz com que ele busque um relacionamento e, dependendo de sua configuração psíquica, isso será positivo ou não. Robert Johnson define o amor romântico como o laço que une homens e mulheres. Se o homem gozar de uma harmonia interna, ele irá reconhecer a mulher diante de si e fará dessa experiência algo proveitoso para o seu próprio crescimento interior. Viver bem com uma parceira significa também viver bem com a sua anima. No entanto, o que vemos normalmente são homens que insistem em colocar o feminino fora de si. Ao se depararem com uma mulher eles se sentem perdidos, sem saber como agir, porque estranham esse ser que está diante de si. É claro que esse estranhamento também ocorre na mulher, porque a sua dimensão masculina, o animus, também encontra-se inconsciente. Conforme já foi dito no início deste artigo, as dinâmicas masculina e feminina funcionam diferentes, embora sejam complementares.



O estigma do feminino tende a afugentar quem o procura. Os homens românticos e sensíveis tendem a receber rótulos pejorativos e, gostar de discutir a relação, é um comportamento normalmente atribuído às mulheres. A imagem do homem ideal tende a ser um tanto heróica, máscula, forte e viril. Isto não quer dizer que tal imagem não possa existir, porém reduzir o homem a esse esterótipo significa polarizar a sua personalidade na dimensão masculina e ignorar o seu feminino que lhe é complementar.



Homens e mulheres de fato são diferentes, mas isso não significa que sejam rivais. Depois da revolução feminista dos anos 60, o homem sentiu-se desafiado pela nova mulher que surgiu. Se ambos passarem a se ver como duas faces da mesma moeda, como partes complementares de um todo, talvez encontrem a si mesmos.



*Sabina Vanderlei é Psicóloga Junguiana e Mestranda em Filosofia: sabinavanderlei@gmail.com
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Acorrentado


TEARS FOR FEARS - Woman In Chains (clip


Ciúmes uma palavra que vem do latim zelemum e do grego zelus. Uma reação ao risco de algum tipo de perda, voltado para o outro. É um querer bem, mais para o outro, desviando sua atenção, para o que anda acontecendo internamente.


Freud entende o ciúme como parte da natureza humana e que se instala na infância, como ponto central o complexo de Édipo, ou seja, o ciúme que a criança sente do pai que ama.


Já para outros autores o ciúme seria o medo disfarçado em amor, ou fruto de relações narcisistas na infância.


Nesse vídeo do Tears For Fears, podemos observar o quanto a mulher anula o seu posicionamento, e acaba vivendo aprisionada pelos desejos do parceiro.Quantos de nós não passamos por uma situação parecida?Onde o outro tem total autoridade sobre nossos atos. Quantos ainda vivem acorrentados e não sabem que é bem pior.


Grande parcela da humanidade vive acorrentada, entre seus desejos, emoções e impulsos. Entendemos que o homem tem seu instinto e que ele fala mais alto em muitos casos, mas por outro lado também existe a questão além do ciúme que é "a possessão”. Que nada mais é que a ansiedade ao extremo.


Uma frustração muitas vezes amorosa, convivência com famílias desestruturadas, escola ou ambiente de trabalho nocivo ou ameaçador, podem causar um acúmulo de ansiedade, ou a pessoa pode ficar de tal maneira comprometida emocionalmente, que tentar buscar uma saída para fugir desta realidade. A obsessão associa-se a um desejo intenso e a uma necessidade de preenchimento desta privação.


Essa obsessão pode levar o outro a um mecanismo de estratégias para seduzir, levando a atração fatal, que busca a possessão como forma de incluir o outro em sua própria vida, tentando o máximo de controle, pois a falta deste irá provocar intensa dor e isso é o que ele vive fugindo.


Fortes emoções acontecem à vida de uma pessoa obsessiva, ela acaba tornando-se atormentada psiquicamente e interpessoal. Podem também ocasionar manifestações de ciúmes patológicos, onde as conexões entre fantasias e realidades se perdem facilitando episódios psicóticos onde a ação torna-se real. A pessoa propensa a um amor obsessivo, tem dificuldades de relacionamento saudável ligando-se a relações amorosas complicadas, repletos de brigas, desconfianças e ciúmes, com desfechos muitas vezes violentos.


Grande parte também se torna atraída por essas relações fixando-se em parceiros problemáticos e indisponíveis, parceiros emocionalmente inacessíveis, muitos dos quais não se sentem da mesma maneira por ele ou ela.


Esta luta entre parceiros é um desvio onde as pessoas obsessivas não querem observar e sentir seu próprio desafeto e seu próprio terror, pois sentem que a relação com o outro é muito dolorosa e ao mesmo tempo o contato é muito assustador, pois para eles, isso vai acabar novamente em dor e separação.


O obsessivo quando se sente acuado em suas próprias estratégias, percebe-se perdendo o controle, passa a ter medo das conseqüências e percebe que suas vias de evacuação estão cortadas.


Uma vez que não é possível fugir, o único meio disponível para escapar é o recuo no mundo irreal de fantasias e obsessões, pois percebe que seu mundo está em constante tensão, um inferno sem alívio ou fuga física, onde a fantasia, muitas vezes trágicas, se torna a única opção. O transtorno obsessivo compulsivo é um distúrbio debilitante e destrutivo


Este sentimento é deveras democrático, pois qualquer pessoa, independente de raça, sexo, etnia ou classe social, está sujeito a ele. Ele só desaparecerá quando o Homem aprender realmente a amar, o que implica aprender que ninguém é dono de ninguém, pois o outro é livre, e assim somente os laços do amor podem mantê-lo ao nosso lado.


Portanto, apenas ao curar as dores da alma, entre elas o medo, a falta de confiança em si mesmo e no outro, a insegurança, entre outras, é que este monstro devorador das relações afetivas será vencido.

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