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A Importância dos Africanos na Construção da Cultura Brasileira



“A contribuição dos africanos na formação do Brasil foi essencial tanto na composição física da população quanto na conformação do que viria a ser sua cultura, que inclui dimensões como língua, culinária, religião, música, estética, valores sociais e estruturas mentais”(PRANDI, 2005).


Aproximadamente 3 milhões e meio de negros Africanos foram trazidos através do tráfico para serem escravizados no Brasil. Com a escravidão eram separadas as famílias e clãs dos povos africanos. No Brasil, era-lhes imposta a religião católica pelos senhores. A cultura africana sobreviveu apena nos centros urbanos e nas grandes fazendas de açúcar. Nesses locais havia maior concentração de escravos que se reuniam com seus povos de origem, dando continuidade a seus rituais e cultos de forma velada. A cultura foi mantida viva também pelo constante número de escravos que chegavam ao Brasil, trazendo a força das raízes ancestrais e tradições africanas.





CONCEPÇÃO AFRICANA DE VIDA E MORTE
POVO YORUBA


Proveniente da Nigéria, Togo e Republica do Benin.
Economia: agricultura, caça, pesca, artesanato e atividades comerciais.

Lutavam e conquistavam povos vizinhos, assimilando sua cultura e suas divindades.

Base de explicação da origem de seu povo: mitologia dos orixás.

Orixás são divindades, ou intermediários entre o divino e o homem.

Os orixás surgem através do culto a forças da natureza, a antepassados de grupos, familiares e antigos reis.Cada pessoa possui seu próprio axé (energia), de acordo com seu orixá regente, do qual descende. Utilizam praticas divinatórias (jogos de búzios, oráculo de Ifá) para adaptar seus comportamentos ao seu destino e praticam ebós (oferendas) e sacrifícios para afastar o mal e atrair o bem.

Para eles não existem psicoterapeutas como conhecemos no Ocidente, mas são os ancestrais e anciões que aconselham os mais novos. Os Yorubás foram trazidos para as Américas e Caribe com a escravidão. No Brasil, foram conhecidos como Nagôs e contribuíram para a construção do patrimônio cultural do pais. Importância da mitologia: transmissão da cultura oral.



POVO BANTO

  • Natural do Congo. Durante os 300 anos de escravidão africana no Brasil, foi a maior fonte de mão de obra.
  • Já vinham sendo catequizados pelos portugueses desde o final do século XV na África. Realizavam culto à cruz e a seus antepassados. No Brasil seus ritos populares eram mesclados com os ritos católicos. Quando nobres e sacerdotes Yorubás chegaram ao Brasil, dominam as demais etnias africanas, pois trouxeram sua cultura de forma mais estruturada.


SINCRETIZAÇÃO E MISCIGENAÇÃO


Os Yorubás, com seus orixás, reunem-se formando os candomblés.

  • O povo Banto mescla elementos da sua cultura, da cultura indígena, do catolicismo e dos orixás Yorubás, formando a umbanda.
  • Primeiros terreiros: na Bahia, no início do século XIX. Terreiros nas demais regiões do país: Xangô em Pernambuco, Tambor de Mina no Maranhão e Batuque no Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: candomblé de origem baiana.
  • A religiosidade negra local sincretizada aos santos católicos e ao espiritismo Kardecista, forma a “macumba carioca”. Está vinculada a origem do samba e do carnaval = extravasamento do terreiro para as ruas. Torna-se elemento definidor da identidade nacional, tipicamente mestiça.Com a modernidade a umbanda passa a representar potencialmente uma religião para todos.
  • O candomblé, que até os anos 60 era restrito a uma minoria, passa a ser valorizado e resgatado por umbandistas, que disseminam sua prática.










Assim, percebemos que mesmo que indiretamente, a cultura africana permeia nossa formação e nossa identidade. Faz parte da constituição do povo brasileiro, de seu imaginário, seu inconsciente coletivo, sua religiosidade, sua fé, seus medos e superstições. Observamos como muito do que consideramos como tipicamente brasileiro tem origem africana.

Por isso, compreender mais essa cultura e valorizá-la faz-se muito importante para quem deseja ter uma prática transpessoal. 










Curiosidades: Palavras Banto usadas em nosso cotidiano


Em 1697 é publicado em Lisboa “ A Arte da Língua de Angola” do padre Pedro Dias. É Uma das mais antigas gramáticas da linguagem banto, escritas na Bahia, para o uso de Jesuítas (SILVA NETO, 1963).
As palavras africanas foram introduzidas em diversas áreas culturais, muitas vezes mantendo-se o sentido original, mas alterando-se, a grafia.

Exemplos: - Samba, xingar, muamba, tanga, sunga, jiló, candomblé, umbanda, berimbau, capanga, caçula, banguela, mangar, cachaça, cachimbo, fubá, cuíca, mocotó, agogô, dengoso, senzala, mucama.
- palavras compostas: lenga-lenga.
- compostas de uma palavra Bantu e uma do português: bunda-mole, cafundó de Judas, pó de pemba, limo da costa.







REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS



BASTIDE, R. As religiões Africanas no Brasil. Contribuições a uma sociologia das interpenetrações de civilizações. São Paulo: Pioneira, 1971.

BENISTE, J. Mitos Yorubas: o outro lado do conhecimento. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 
PRANDI, R. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

RIBEIRO, R. I. Por uma Psicoterapia Inspirada nas Sabedorias Negro- Africana e Antroposófica. In: Espiritualidade e prática clínica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

VERGER, P. F. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. Salvador: Corrupio, 2002.









FONTE DAS FOTOS

Google image : images.google.com.br
Image Bank: www.imagebanksearch.com/source/home/home.aspx

Museu Afro Brasil: www.museuafrobrasil.com.br





Alunas: Clodine Janny Teixeira e Joici Cruz

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Simbolos e Sonhos




Todas as noites quando dormimos, um grande palco descortina-se e desenrolam-se enredos e dramas dos mais inusitados. Temos oportunidades de vivenciar estórias fantásticas, partes não vividas de nós mesmos, diversificados papéis, aventuras, romances, podemos travar batalhas, viajar no tempo para o passado e futuro, para outras civilizações, ou planetas, para o centro de nós mesmos. É possível realizar fantasias e desejos reprimidos em estado vígil, experienciar situações aterradoras. Podemos ser vítimas e algozes , vencedores e perdedores, gerar a vida, matar e experimentar a morte, e tudo isso com bastante realismo. As reações e alterações físicas que podem se manifestar durante um sonho não deixam dúvidas quanto a isso.


Num pesadelo por exemplo, aumentam os batimentos cardíacos e a freqüência respiratória, podemos apresentar sudorese. Acordar é um imenso alívio.
Na história, nos mitos, na religião, antropologia, sociologia, arte, temos inúmeros registros de sonhos como mensageiros de divindades, influenciando e determinando a conduta de governantes, de comunidades, inspirando artistas e cientistas, profetizando grandes acontecimentos.


Nas sociedades primitivas os sonhos eram tão importantes que a primeira atividade do dia era compartilhar os sonhos coletivamente. Nas culturas da antigüidade edificavam-se templos próprios para sonhar, pois conferia-se aos sonhos um poder de cura, uma fonte de verdades profundas. A visão de mundo baseada no sistema de valores Newtoniana / Cartesiana, onde só é real o que pode ser explicado e comprovado por leis mecânicas, relegou os sonhos ao âmbito da subjetividade, da irracionalidade, não merecendo portanto serem levados em consideração.


Freud em 1900 recupera o valor do sonho ao dimensioná-lo como realização de desejos e um caminho para a compreensão do inconsciente. Jung amplifica a importância do sonho no processo psicoterápico ao conceituá-lo como mensageiro de cura, sabedoria intuitiva do inconsciente, mecanismo de auto- regulação da psique, expressão do inconsciente coletivo.


Na psicologia Transpessoal , a interpretação de sonhos é bastante utilizada na prática clínica. Os vários personagens que neles aparecem, em suas variadas ações, revelam partes do próprio sonhador, a forma como ele está conduzindo sua vida, e principalmente, os estados de consciência presentes.


Segundo Sri Aurobindo( nascido em Calcutá em 1872, o grande renovador da yoga e fundador de uma escola filosófica) durante o sono manifesta-se uma consciência onírica mais ampla, diferenciada que dedica-se a novas atividades interiores. Quanto mais cultivamos o nosso ser interior, mais os sonhos ganham realidade e significado.


Na atualidade inúmeras pesquisas têm sido realizadas em relação a sono e sonhos e comprovam, o que há séculos, os primitivos já sabiam. Esclarecem que os sonhos são necessários para a manutenção da saúde e equilíbrio emocional. Pessoas que são impedidas de sonhar manifestam instabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade e agressividade.


Os sonhos, na concepção de Jung, expressam um "auto-retrato espontâneo, em forma simbólica, da real situação do inconsciente"( Obras Completas 8). Evidenciam uma situação específica e imediata de nossa vida. Os vários personagens colocam em foco as várias "personalidades" que coabitam em nós e compõem a nossa totalidade. As imagens, e personagens do sonho devem ser consideradas como partes do sonhador e de sua dinâmica interior. São mensageiros, mediadores entre o consciente e o inconsciente.


Os sonhos têm por finalidade compensar unilateralidades e parcialidades da consciência, revelar problemas, atitudes, ações e reações do sonhador. Têm como objetivo oferecer os caminhos para a solução dos conflitos, fornecendo respostas criativas, inspirações. Estimulam também novos potenciais. São fonte de informações, orientação, conhecimento. Os sonhos também corrigem distorções, fazem advertências, sinalizam e prognosticam os perigos e conseqüências decorrentes de fixações em determinados estados de consciência limitantes. Eles permitem ainda, o resgate de memórias pessoais e coletivas bem como antecipar acontecimentos futuros, ( sonhos de percepção extra-sensorial).


Podem ser recorrentes, com temáticas repetitivas, o que significa que a mensagem que o sonho deseja revelar não foi ainda codificada. Referem-se a conteúdos que evitamos, não compreendemos ou ignoramos, ou que não fizemos nada para solucionar. O inconsciente insiste em oferecer oportunidades de consciência, enviando mensagens, procurando um símbolo mais acessível, e que o sonhador aceite . Uma vez que o conteúdo tenha sido integrado à consciência, deixa de ser repetido.


É característica dos sonhos expressarem-se em imagens e em linguagem simbólica. L. Stein ( junguiano 1973) nos esclarece que símbolo provém das palavras gregas sym, ou seja, comum , junto e balon, aquilo que foi lançado. Portanto símbolo refere-se a união de coisas que têm algo em comum. Também é definido como imagem significativa. Jung concebe símbolo como a melhor apresentação possível para um conteúdo psíquico relativamente desconhecido, que não pode ser descrito por uma única palavra ou idéia, que não está podendo ser compreendido e integrado à consciência. O que já foi plenamente decodificado e compreendido deixa de ser símbolo e torna-se sinal.


Os símbolos possuem uma dimensão individual e coletiva, universal. Costumam surgir em momentos de conflito ,de tensão entre opostos, quando nos sentimos perdidos ou confusos por não estarmos sabendo conduzir uma problemática interna ou externa. A função do símbolo é fornecer esclarecimentos sobre a situação presente, bem como soluções, através de sonhos, fantasias, imagens. Favorecem a síntese dos opostos, a integração de aspectos inconscientes. Têm portanto uma finalidade curativa, auto-reguladora e de amplificação de consciência.


Muitas pessoas atualmente já estão conscientes da importância e do valor dos sonhos e habituaram-se a anotá-los sistematicamente estando ou não em um processo psicoterápico. Muitos já se comportam diante dos sonhos de forma ativa. Antes de dormir fazem pedidos de sonhos anotando com bastante objetividade a pergunta que desejam ter respondida por ele. O desafio que se apresenta então, é interpretar os símbolos que podem surgir. No intuito de atender à essa necessidade muitas revistas, livros e dicionários têm se disponibilizado a introduzir, e orientar o leitor na interpretação, oferecendo significados que podem ser tomados por pesquisadores despreparados, como estanques, fixos, automatizados, e definitivos, descaracterizando assim a definição de símbolo.


É importante esclarecer aos leitores que buscam o auxilio de dicionários de símbolos que, interpretar é mais do que decodificá-los isoladamente. Interpretar pressupõe apreender e respeitar todo o contexto do sonho em seus detalhes, conhecer a situação consciente do sonhador na época em que ocorreu o sonho e ter acesso às associações por ele realizadas. Ainda que determinado símbolo possa sugerir um significado, cada indivíduo pode atribuir a este, um outro, bastante diferente e particular. As amplificações dos sonhos a partir das dimensões mais coletivas e universais dos símbolos podem ser valiosas, desde que efetuadas após o sonhador ter feito suas associações pessoais e desde que seja capaz de estabelecer a relação entre o símbolo coletivo e sua vida, no momento presente.


A análise de apenas um sonho, pode não fornecer muitos esclarecimentos. Por isso é interessante poder analisar uma série de sonhos. Pode-se então confirmar hipóteses ou fazer correções. Um teste para se saber se a interpretação funcionou é observando se possibilitou uma mudança na atitude consciente.


Na verdade a interpretação de símbolos quer em sonhos, fantasias ou imagens é facilitada quando se tem conhecimentos multidisciplinares, mas como nos esclarece Jung, a arte de interpretar prescinde de métodos, normas, e livros. Não podemos deixar de contar é com sensibilidade, com os nossos registros e conexões a partir da experiência de vida, intuição, criatividade, bem como disponibilidade e ousadia para adentrar no novo e desconhecido com respeito, e ética.


Dormir é a senha para o encontro consigo próprio, para a mobilização de energias curativas, para adentrar em inúmeros portais. Considerar e compreender os sonhos reflete uma atitude de acolhimento e respeito às mais variadas expressões e manifestações do ser, em todos os estados de consciência possíveis.


Denise Ribeiro Gonçalves
Psicóloga com formação em análise Junguiana
e psicologia Transpessoal
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Renascimento ao amor


Através do método Renascimento ao Amor,é possível fazer vir à tona essas memórias inscritas no inconsciente, ajudando a pessoa a reviver seu nascimento tal como ele aconteceu,bem como viver as etapas que lhe faltaram - no caso do prematuro, os meses que faltaram e, no caso de cesariana, passagem pelo parto normal, ou desfazer-se do “cordão vibratório” que a prende, da “pressa em sair do útero”, do abandono, através de seu próprio esforço e de maneira consciente. Tal revivência ajuda a pessoa a compreender de maneira profunda o significado disso em sua vida, seus esquemas repetitivos, podendo libertar-se das cargas negativas que a prendem ao passado, impedindo-a de ser feliz. Isso envolve um intenso trabalho de ajuda emocional, psicológica e espiritual, bem como de um grande esforço pessoal determinado pelo desejo de libertação.Através da compreensão dessas memórias, as cargas emocionais que se formaram desde o começo da vida e que foram sentidas como negativas porque foram dolorosas, podem ser transmutadas, restabelecendo-se um equilíbrio para o presente e o futuro.


A Logica Evolutiva

Vivendo sua evolução terrestre através de uma visão fragmentada, dominada pelo peso de seus desejos e de seus medos, o homem percebe a vida como uma sequência de acontecimentos ao acaso que o conduzirá à morte, ao nada. Entretanto, o ser humano evolui de Nascimento em Renascimento, seguindo uma lógica necessária à sua evolução e à sua própria liberação. Por isso, através da compreensão das etapas que marcam nossa evolução (Infância – Nascimento – Vida fetal), podemos reencontrar o fio que nos conduzirá à nossa LUZ INTERIOR, que brilha muito além do ciclo ilusório de nossa vida material.
Toda a metodologia do Renascimento ao Amor é desenvolvida em 3 etapas,com objetivo de auto-conhecimento e transformação. Dentro de um enfoque global e, considerando-se a perspectiva linear do tempo, a pessoa é ajudada a retomar sua auto-consciência a partir do momento atual, regressivamente, até o momento da ancoragem da consciência no útero materno. Na duas primeiras etapas são trabalhadas as energias parentais relacionadas à adolescência, à infância e ao nascimento. Nessas etapas,a metodologia visa despertar as memórias cinestésicas e emocionais registradas no corpo físico. Na primeira fase,técnicas especiais possibilitam a revivência da vida intra-uterina e do nascimento,bem como os reflexos dessas passagens em todas a vida da pessoa. Na segunda fase,essas técnicas possibilitam a revivência de acontecimentos traumáticos ou não, que marcaram a infância e a adolescência da pessoa, bem como situações de relacionamento com os pais que estão na base de seu relacionamento psico-social.
Na primeira fase, onde são trabalhadas específicamente as memórias do nascimento e da vida fetal, são recriadas as situações e as condições do parto e do útero materno, através de técnicas especialmente concebidas para esse fim.Diferentes técnicas originais que facilitam a expressão e a compreensão da linguagem do corpo, são utilizadas para liberar energias e emoções relacionadas aos pais e ao nascimento, para reviver através do corpo o desejo ou a recusa do nascimento, bem como a travessia uterina e a “ancoragem” da consciência no ventre materno.
A revivência das memórias conscientes e inconscientes e a ajuda psicológica que a pessoa recebe em todas essas experiências, possibilitam alívio físico e emocional, graças ao desbloqueio e liberação das cargas negativas, mas sobretudo compreensão das memórias afetivas que constituem a estrutura psicológica do indivíduo. Uma vez livre, a pessoa se abre ao seu potencial interior de amor, intuição e criatividade – elementos básicos de expressão da inteligência da totalidade.

V. I. T. R. I. O. L. – Instituto de Psicologia Transpessoal
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Psicologia Transpessoal e Expansão da Consciência



Artigo Publicado na Revista Sintonia Holística Ano II N° 10

Embora C. G. Jung, o criador da Psicologia Analítica, tenha sido o primeiro a considerar a dimensão espiritual do ser humano no processo psicoterapêutico, o movimento que criou a Psicologia Transpessoal surgiu no final dos anos 60, com um pequeno grupo de pesquisadores, dentre eles Anthony Sutich, Abraham Maslow, James Fadiman e Stanislav Grof.

Reconhecendo a importância das dimensões espirituais da psique humana e insatisfeitos com a orientação verbal e intelectualizada das psicoterapias tradicionais, eles se concentraram no estudo da consciência, pesquisando os fenômenos e as experiências "não ordinárias" de consciência. Foi aí, então, que Stanislav Grof criou a palavra "transpessoal" para caracterizar os fenômenos e experiências que vão além do ego e transcendem os limites do tempo e do espaço.
Como a perspectiva transpessoal transcende os limites da Psiquiatria, da Psicologia e da Psicoterapia, é natural que à medida que descobertas revolucionárias de outras disciplinas, como por exemplo a física quântica relativa, a teoria holográfica, a teoria dos sistemas e da comunicação, as pesquisas sobre o cérebro, dentre outras, confirmavam os princípios da Psicologia Transpessoal, novas técnicas psicoterápicas surgissem com base nessa maneira mais ampla de conceber o psiquismo. Assim, nasceram as Psicoterapias Transpessoais, cujo enfoque é a experiência direta, também chamada “revivência” ou “vivência interior”, a interação não-verbal e o engajamento do corpo no processo total.Nessa visão global do ser humano e dadas as características específicas das técnicas utilizadas, todo o processo psicoterapêutico vivido pelo cliente, é chamado de Expansão da Consciência. Por isso, a formação do psicoterapeuta transpessoal exige que ele viva o seu próprio processo de auto-conhecimento e transformação interior, uma vez que não se trata pura e simplesmente de uma formação teórica/técnica, que possa ser administrada via internet, como já está acontecendo.Portanto, a palavra "transpessoal" significa muito mais que "transparente" ou "além da aparência"; significa ir além, muito além da consciência pessoal do corpo e do próprio ego – o "eu menor", identificado como mental racional que explica e interpreta o psiquismo humano, da mesma maneira que explica e interpreta o mundo material e suas leis.
Dentre as técnicas transpessoais, as mais conhecidas são: Regressão, Re-nascimento e "Respiração Holotrópica", que consideramos complementares como ajuda psicoterapêutica no processo de abertura e expansão da consciência.

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Duas vertentes - dois enfoques

Existem atualmente, dentro da Psicologia Transpessoal, duas correntes que definem o enfoque de atuação do terapeuta ou do psicoterapeuta. Uma delas inclui as técnicas oriundas do xamanismo e a regressão a “vidas passadas”, fundamenta-se numa filosofia reencarnacionista, vinculando-se a práticas religiosas, místicas, adivinhatórias e afins. A outra, geralmente defendida por psicólogos, é desvinculada das tendências acima.
Os psicoterapeutas desse segundo enfoque da Psicologia Transpessoal, mesmo considerando sagrada a primazia da experiência individual sobre toda doutrina, religião ou teoria, fundamentam-se nas teorias do inconsciente individual e coletivo. Além de considerarem o simbolismo dos sonhos e a interação verbal importantes no processo psicoterapêutico, utilizam técnicas de regressão pelo seu conteúdo simbólico, sem classificá-lo segundo sua intensidade ou seu lugar no tempo linear. Isto, porque consideram que, por uma questão ética, as crenças individuais não devem interferir no trabalho do psicólogo.
Em que pesem os resultados atribuídos ao trabalho de uns e de outros, é importante saber que a Psicologia Transpessoal, pela sua juventude e porque suas técnicas ainda carecem de confirmação científica, não tem, por enquanto, o aval da Psicologia Tradicional. Classificada muitas vezes como “terapia alternativa” por causa do enfoque reencarnacionista e xamânico de uma de suas tendências, a Psicologia Transpessoal significa um passo à frente para a Psicologia.Isto, porque a Expansão da Consciência não exclui nenhuma conquista anterior, ela integra e amplia o conhecimento e a consciência humana para além dos limites conhecidos.
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O que é a Psicologia Transpessoal?


Por Alexandre Pedrassoli


A psicologia, uma ciência bastante recente em termos históricos, ainda está à espera de uma unificação, uma lei geral que coordene suas diversas visões, por vezes antagônicas. Alguns autores admitem inclusive a existência não de uma única disciplina chamada psicologia, mas de diversas psicologias. Realmente, as diversas abordagens psicológicas, como a psicanálise, o behaviorismo e o humanismo, entre outras, divergem em sua essência, já que apresentam diferentes visões do ser humano. São portanto, incompatíveis, desde seus pressupostos mais elementares.
Pode-se dizer que a psicologia transpessoal é a primeira tentativa de integrar as diferentes visões de homem em uma visão mais ampla e abrangente, onde as divergências de opinião não sejam mais vistas como antagonismos, mas como visões complementares e não-excludentes sobre o mesmo objeto de estudo: o ser humano.
O termo transpessoal significa “além do pessoal” ou “além da personalidade”. Utiliza-se esse termo porque a psicologia transpessoal ocupa-se de capacidades humanas que estão além da esfera do ego. A abordagem transpessoal procura integrar em sua visão todo o potencial humano que está ainda por desenvolver. Essas capacidades potenciais estão relacionadas à existência de estados superiores de consciência, ainda desconhecidas para a maior parte da humanidade. O caminho para atingir esses estados é o caminho da autotranscendência, ou superação do ego individual. Daí os termos: superação do ego, além do ego, trans-ego, transpessoal.
A psicologia transpessoal é também a primeira corrente da psicologia a considerar expressamente que o homem possui uma dimensão espiritual. Chega a ser uma ironia que a psicologia, que adotou uma palavra que significa “estudo da alma” para definir a si própria (do grego: psykh(o) = alma e logía = ciência, estudo sistemático), não tivesse até então se interessado em estudar mais detidamente a espiritualidade humana. O Prof. Dr. Elias Boainain Jr., em sua tese de doutorado sobre as dimensões transpessoais da psicologia rogeriana (veja Carl Rogers), fala-nos sobre a espiritualidade como um dos objetos de estudo da psicologia transpessoal:
A espiritualidade, ou a dimensão espiritual do homem [...] identifica o Movimento Transpessoal como a primeira corrente da Psicologia contemporânea que dedica atenção sistemática e privilegiada à dimensão espiritual da experiência humana, até então ignorada, negada, negligenciada ou reduzida a derivações secundárias de outras faixas inferiores do ser, como a sexualidade e a agressividade sublimadas, por exemplo. O próprio uso mais ou menos freqüente e generalizado do termo espiritual que os transpessoais fazem, tomando emprestado à Religião este e outros vocábulos, na falta de termos próprios na tradição psicológica ocidental, fala-nos do desinteresse da Psicologia pelo assunto. (BOAINAIN JR., 1996)

Histórico
Reconhece-se atualmente na psicologia quatro grandes correntes, ou “forças”. A Primeira Força é a abordagem comportamental ou Behaviorismo. A Segunda Força é a Psicanálise, fundada por Sigmund Freud e a Terceira Força é a Psicologia Humanista. A Psicologia Transpessoal surgiu então com a proposta de ser a Quarta Força da Psicologia. De modo diferente das 3 forças que a antecederam, a Psicologia Transpessoal não aparece com contestação das correntes já vigentes, mas como uma evolução natural da Terceira Força, a Psicologia Humanista. De fato, é de dentro do movimento humanista que surgem alguns dos “fundadores” do movimento transpessoal. Dentre eles, destacam-se Abraham Maslow (1908-1970) e Antony Sutich (1907-1976). Em seu livro Introdução à Psicologia do Ser, na edição de 1968, Maslow aponta para o surgimento da Quarta Força:

Devo também dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda "mais elevada", transpessoal, trans-humana, centrada mais no cosmos que nas necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da identidade, da individuação (...). (MASLOW, 1998, p.ii).

Em 1967, um comitê liderado por Sutich e do qual participaram nomes como James Fadiman, Michael Murphy, Miles Vich e Sidney Jourard, passa a reunir-se para organizar a publicação de uma revista de Psicologia Trans-Humanística, primeiro nome dado à nova abordagem. Em 1968, o mesmo comitê, com a participação de Viktor Frankl e Stanislav Grof, mudam o nome para Revista de Psicologia Transpessoal (Journal of Transpersonal Psychology) e a revista é lançada em 1969. É a partir de então que o termo “transpessoal” passa a ganhar força. Em 1972, funda-se a Associação de Psicologia Transpessoal (Association for Transpersonal Psychology). Marcia Tabone relata esse período inicial:

Durante os dez primeiros anos de existência da Association for Transpersonal Psychology, houve uma rápida evolução e a perspectiva transpessoal transcendeu os limites da Psicologia, da Psiquiatria e especialmente da Psicoterapia. As descobertas revolucionárias de outras disciplinas, como a Física quântica relativista, a teoria dos sistemas, a Parapsicologia, a Holografia, etc., confirmaram e fundamentaram as constatações apresentadas pelo movimento transpessoal. (TABONE, 1988, p.99)

Do surgimento do movimento até os dias de hoje, nota-se que houve uma mudança de ênfase. Originalmente entusiasmada com os chamados “estados alterados de consciência” (atualmente denominados “estados inusuais de consciência”), passou gradualmente a procurar uma visão integradora, que procurasse absorver as teorias antecessoras e dar um corpo único à psicologia, de acordo com a nova visão de homem. Autores como Roberto Assagioli, com sua Psicossíntese e Ken Wilber, com a teoria do Espectro da Consciência que resultou na sua Psicologia Integral, colaboraram para criar modelos abrangentes da consciência humana, tentando englobar as demais correntes psicológicas.

A Psicologia Transpessoal observou também que alguns estados comumente classificados como “surtos psicóticos” se assemelhavam às experiências místicas de vários povos, de diversas linhas religiosas e espirituais. Passou então a considerar que alguns desses “surtos” são na verdade experiências de transcendência ou de dissolução temporária do ego, para uma ampliação de consciência. Stanislav Grof chama esses estados de “emergência espiritual”, e ocupou-se de estabelecer critérios para diferenciá-los dos surtos psicóticos. Essas “experiências culminantes”, segundo a terminologia de Maslow, são assim descritas por Grof.

Sentimentos de unidade com todo o universo. Visões e imagens de épocas e locais distantes. Sensações de vibrantes correntes de energia percorrendo o corpo, acompanhadas de espasmos e violentos tremores. [...] Vívidos vislumbres de luzes brilhantes e das cores do arco-íris. Temores de insanidade, e até de morte, iminente. (GROF, 1989, p.23)

Segundo a Associação de Psicologia Transpessoal, estes são, entre outros, os objetos de estudo dessa associação:

Psicologia e Psicoterapia
Meditação, caminhos e práticas espirituais
Mudança e transformação pessoal
Pesquisa da consciência
Vício e recuperação
Pesquisa de psicodélicos e estados alterados de consciência
Morte e Experiências de Quase-Morte (EQM)
Auto-realização e valores superiores
A conexão mente-corpo
Mitologia e Xamanismo
Experiências culminantes

Atualmente, a Psicologia Transpessoal no Brasil encontra ainda resistências junto ao meio acadêmico, embora um número crescente de trabalhos nessa linha venha sendo produzido. Poucos cursos de graduação em Psicologia oferecem a disciplina de Psicologia Transpessoal, embora haja um gradual crescimento na oferta de cursos de especialização nessa área. Nos Estados Unidos, há vários anos, já existe a especialização em Psicologia Transpessoal, sob diversos nomes. Um desses cursos em funcionamento é o de Psicologia Integral, idealizado por Ken Wilber.

Links relacionados:

Journal of Transpersonal Psychology: www.atpweb.org/journal.asp

Association for Transpersonal Psychology: www.atpweb.org

ALUBRAT – Associação Luso-Brasileira de Transpessoal: www.alubrat.net

ABPT - Associação Brasileira de Psicologia Transpessoal: www.abptranspessoal.com

Autores Relacionados:
Abraham Maslow
Anthony Sutich
Carl Gustav Jung
Carl Rogers
Frances Vaughan
Fritjof Capra
Ken Wilber
Pierre Weil
Roger N. Walsh
Stanislav Grof
Viktor Frankl


Referências Bibliográficas

Association for Transpersonal Psychology. About ATP: Transpersonal Perspective. Disponível em: .
Boainain Jr., Elias. Transcentrando: Tornar-se transpessoal. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Instituto de psicologia. São Paulo, 1996.

Grof, Stanislav. Além do Cérebro. São Paulo: McGraw-Hill, 1988.

Grof, Stanislav; Grof, Christina. Emergência Espiritual. São Paulo: Cultrix, 1989.

Maslow, Abraham M. Toward a Psychology of Being (Introdução à Psicologia do Ser). 3.ed. Now York: John Wiley & Sons, 1998.

Tabone, Marcia. A Psicologia Transpessoal. São Paulo: Cultrix, 1988.
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