Mantenho blogs há quase dois anos,e, ao menos que me lembre, nunca falei de minha religião, e prometo não me estender muito no assunto por aqui, pois todos sabemos quanta polêmica o tema pode render, e não faria isso num blog no qual sou apenas colaborador.
Mas a questão é a seguinte: como católico, procuro ler as encíclicas, carta escritas pelos papas aos bispos e, através destes, a seus fiéis, e que trata de assuntos doutrinários em diversos campos, atualizando a fé católica. Não que eu compreenda tudo o que está escrito, mas estes escritos são de incomum deleite, por, muitas vezes, revelar aspectos da doutrina que sigo e que me é passada – seja por causa do longo caminho que percorre, seja por questões ou pontos de vistas pessoais – nem sempre da forma como se pretendia na origem.
Me deparei então, coisa de duas semanas atrás, com a Caritas in Veritate, escrita pelo papa Bento XVI em agosto de 2009. A introdução logo me chamou a atenção por tratar de um assunto tão esquecido – apesar de, muitas vezes, demagogicamente abordado – a caridade. Pelas palavras do santo padre:
A caridade, na verdade que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressureição, é a força propulsora principal [o grifo é meu] para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira.
e continua,
O amor – caritas – é uma força extraordinária que impele as pessoas a se comprometerem, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz.
Esquecendo que o papa Bento XVI é o líder do catolicismo, vamos parar para interpretar estas poucas palavras e o cotidiano que nos rodeia.
Vivemos numa época onde nosso umbigo é o centro do mundo, e onde o outro, cada vez menos, tem qualquer importância. Vivemos para nos satisfazer de alguma forma, pouco nos importando os reflexos que as atitudes tomadas poderão causar ao próximo. Até por que próximo hoje em dia é o sujeito da fila, apenas mais um, e não nosso igual.
Quanta caridade se pratica, ainda mais se não redutível do imposto de renda? Quase nenhuma. E por que não viver num mundo melhor? Por que é justamente isso que cada um de nós buscamos: viver num mundo melhor e – mais importante – só nosso.
Dia após dia lutamos para construir nosso mundo perfeito, nossa redoma que nos protege da devassidão que o mundo lá fora está se tornando.
Praticar a caridade, nos mais simples gestos cotidianos, pode não mudar o mundo da noite para o dia, nem tampouco mover montanhas, mas com certeza nos fará pessoas melhores e, consequentemente, o ambiente que nos rodeia. São pequenos gestos que nos impulsionam para algo melhor, e nos fazem melhores.
Não custa nada tentar.
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Fui convidado pela Joicinha para escrever aqui e aceitei de pronto. Sou contador, funcionário público, leitor voraz e também escrevo no meu blog pessoal, o Luciano A.Santos, e no O Leitor, além das minhas crônicas estranhas que posto no Crônicas da Montanha da Neblina. Mais de mim aqui.
*Imagem daqui.
2 comentários:
Olá Joicinha e Luciano,
Um belo texto para reflexão, realmente muitos praticam a caridade somente para abatê-la no IR, o que é uma pena.
Muitos de nós também se justificam devido à falta de tempo do cotidiano, mas simples gestos podem mudar a vida de muitos, desde que sejam com amor. O papa foi realmente muito feliz com suas palavras, acho que tais cartas deveriam ter uma divulgação maior (eu acho que não tem).
Abraços.
Iúri,
Também acredito nos pequenos gestos, muito mais que nas grandes ações para mudar algo. Temos que começar aos poucos, e isso não nos toma muito tempo, basta querer.
As encíclicas são divulgadas em pequena escala, apesar de as do papa Bento XVI sempre serem noticiadas nos grandes telejornais, mas, efetivamente, não têm grande "campanha" de divulgação, o que é mesmo uma pena.
Grande abraço.
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