por Angelina Garcia
"Algumas pessoas tomam, com frequência, como crítica pessoal, aspectos do comportamento humano rejeitados pelo senso comum, os quais, em conversa descontraída, alguém levanta simplesmente a título de observação ou de questionamento próprio"
Reclamamos, muitas vezes, da dificuldade em se entabular um diálogo com determinadas pessoas, pois tudo o que dizemos é mal compreendido, podendo desencadear ásperas discussões ou até rompimentos. Quanto mais tentamos nos explicar, maior a confusão.
A comunicação não ocorre de modo direto, como às vezes se supõe; ou seja, de um lado um emissor, de outro um receptor, bastando uma língua comum para que a mensagem seja decodificada. Além da língua, várias outras condições estão implicadas na produção de sentidos entre interlocutores.
Assim sendo, recebo e interpreto a fala do outro a partir não só de conhecimentos partilhados, ou da minha posição ideológica, ou da memória racional de outros sentidos despertados daquele dizer. Entram também as sensações guardadas, relativas às condições psíquicas e emocionais do indivíduo, que são mobilizadas pelo que o outro diz.
Algumas pessoas tomam, com frequência, como crítica pessoal, aspectos do comportamento humano rejeitados pelo senso comum, os quais, em conversa descontraída, alguém levanta simplesmente a título de observação ou de questionamento próprio. O que levaria uma pessoa a se sentir alvo constante do olhar alheio? O que a faz pensar que tudo o que o outro diz de negativo quer se referir ela?
Se por um lado encontramos a insegurança; por outro, ou pelo mesmo, observa-se certo egocentrismo nesse comportamento.
A insegurança resulte talvez de uma história do sujeito marcada por rejeições do seu ciclo familiar e outros, pautadas na idéia de certo e errado e, consequentemente, pelo pecado e culpa, os quais contribuíram para minar sua autoestima. Desse modo, ele espera sempre que pessoas à sua volta continuem observando o que, a seu ver, ele tem de pior. Mesmo quando a fala do outro não lhe é dirigida diretamente, ele produz sentidos dentro dessa sua condição de inseguro.
É pela insegurança, também, que esse sujeito se encontra centrado em si, como se precisasse, o tempo todo, defender-se de alguma acusação. Dentro desse quadro, ele oferece poucas possibilidades de troca; a comunicação fica truncada, pois cada vez que se sente atingido durante o diálogo, ele o interrompe para se defender, justificar-se, ou, no mínimo, certificar-se se o outro está ou não se referindo a ele. E, assim, não é possível aprofundar ou ampliar a conversa.
5 comentários:
Joycinha...
A comunicação entre duas pessoas ou mais antes detudo tem que se basera no respetio mesmo que as idéais ou pensamentos sejam opostos, lógico que existe pessoas impulssivas, mas a melhor foma de se evitar certos incomodos ou desgstes é ser seletivo... amiga paz e boa semana !!!!
Se a comunicação for falsa seria como falar ao celular com o sinal cortando toda hora não se entende.
Abraços forte
Paranóia, menos-valia, falta do olhar materno...Sabe-se lá o que constrói ou destrói uma personalidade!
Teu post está muito bem feito!
Bjs!
Olá,
Aprecio muito seus textos. Já li vários.
Realmente os ruídos de comunicação ocorrem numa frequência, bem acima do esperado.
Parabéns pela abordagem do tema.
Fernanda pautajornalistica.blogspot.com
Comunicar-se e ser entendido é uma questão complicada. Tem gente que não sabe ouvir, no sentido de respeitar a linha de pensamento do outro, ou mesmo ouvir e saber argumentar sem ofender.
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